A pecuária leiteira precisa de certos cuidados para ser rentável, por isso separamos alguns fatores que influenciam na qualidade do leite produzido pelo seu rebanho
Ilustrar gado de leite
Foto: Pixabay

A pecuária leiteira é um setor de grande importância para a economia brasileira, gerando renda para pequenos, médios e grandes produtores além de empregabilidade para milhares de pessoas, tanto de forma direta como indireta. A atividade vem se desenvolvendo muito nos últimos anos e os produtores buscando cada vez mais por novas tecnologias, investindo em genética e bem-estar animal, por isso ficar atento à qualidade do leite é de suma importância.

Garantir a qualidade do leite nas propriedades leiteiras é primordial para a inocuidade da matéria-prima e para o processamento de lácteos na indústria. Contudo, essa não é uma tarefa simples nas propriedades leiteiras. A qualidade do leite pode ser influenciada por diversos fatores, como nutrição, higiene do ambiente, doenças no rebanho (principalmente mastite), entre outros fatores.

A produção de leite conta com diversos fatores que impactam diretamente na qualidade e nas características sensoriais dos produtos lácteos. Uma vez que o leite é a principal matéria-prima para a indústria de laticínios, garantir o bem-estar das vacas e a qualidade desse produto são os primeiros passos para produzir com alimentos com segurança e obter os resultados esperados.

Por isso separamos alguns fatores que podem influenciar na produção e na qualidade do leite produzido na sua propriedade, confira:

Mastite

Considerada a doença que mais provoca prejuízos econômicos na indústria de laticínios, a mastite bovina, também conhecida como mamite, é uma patologia responsável por reduzir a produção e a qualidade do leite bovino.

É uma inflamação do tecido da glândula mamária das vacas. Esse problema pode ser provocado por traumas, lesões no úbere ou até mesmo como reação de uma agressão química. Entretanto, o surgimento deste quadro costuma estar conectado a contaminações por micro-organismos de um ou mais quartos mamários através do ducto do teto.

Costuma ser causada por bactérias, fungos, algas ou leveduras. Esse dano causado ao tecido mamário traz como consequência a diminuição da produção do leite, sendo responsável por 70% das perdas totais. Quando a doença progride, pode levar os bovinos à morte natural ou à necessidade de o animal ser sacrificado.

Pode ser favorecida por alguns fatores, tais como:

  • Questões genéticas (raças puras ou cruzamentos de gados de alto rendimento);
  • Estrutura do úbere;
  • Tamanho e distância entre tetos;
  • Idade do animal;
  • Período periparturiente;
  • Estresse nutricional;
  • Sistema imunológico da vaca.

Período do Ano

Apesar de serem animais fortes e robustos, os bovinos, no caso, as fêmeas, são muito sensíveis às alterações do clima. As temperaturas muito quentes causam estresse nos animais o que pode diminuir a quantidade de leite produzido por elas. Além disso, as variações do clima interferem diretamente na produção dos insumos usados para alimentação das vacas, como o milho e a soja. Se a produção for escassa, o preço sobe e o produtor pode ter que substituir a alimentação dos animais, o que também interfere na qualidade e quantidade do leite.

Já indiretamente, podemos citar as pastagens e as doenças e pragas. Para a primeira, O excesso de chuvas pode estragar a grama fazendo com que ela apodreça; já a seca faz o pasto queimar, inviabilizando a alimentação das vacas. A umidade favorece também, o aparecimento de fungos e as baixas temperaturas podem causar gripes. Já o excesso de calor é favorável para os parasitas externos, como os carrapatos.

Para produzir um leite de boa qualidade e em boa quantidade as vacas precisam estar em um ambiente confortável. Com muito calor, os animais precisam de um esforço extra para se resfriar. Isso aumenta os batimentos cardíacos e o estresse.

Estágio de Lactação

A curva de lactação típica de uma vaca leiteira apresenta inicialmente uma fase ascendente, ou seja, quando as produções diárias estão aumentando. Ao redor do segundo mês de lactação, alcança-se o ponto de máxima produção, chamado de pico. Depois disso, ocorre uma longa fase descendente, que é determinada pela persistência da lactação.

Pico de produção

É definido como o volume de leite produzido no dia de maior produção para uma dada lactação. Normalmente, o pico de produção ocorre entre 45 e 60 dias após o parto em vacas de raças europeias. Já nas raças mestiças ou zebuínas, o pico de produção ocorre aos 30 dias após o parto.

Persistência de lactação

A persistência mede o quão bem a produção de leite é mantida durante o decorrer da lactação. Os valores de persistência são fortemente influenciados pelo grupo de parição das vacas, ou seja, as vacas mais jovens, novilhas de primeiro parto, apresentam curvas de lactação que têm pico menor, mas são mais persistentes. Isso significa que são curvas de lactação mais planas do que as curvas de vacas adultas.

Já as vacas mais velhas produzem mais leite porque têm picos maiores, mas basicamente após o pico, a taxa de declínio na produção é mais acelerada na vaca adulta do que na jovem.

Higienização na ordenha

Na produção de lácteos de alta qualidade, o momento da ordenha é considerado extremamente importante na fazenda leiteira, principalmente para evitar a contaminação cruzada e manter a qualidade da matéria prima (leite).

Sendo assim, a produção leiteira requer a adoção de boas práticas de ordenha que sejam capazes de reduzir a contaminação microbiana e química e garantam a manutenção das propriedades qualitativas do leite.

O procedimento de ordenha deve seguir uma sequência, que se inicia com a entrada da vaca na sala de ordenha e vai até o resfriamento do leite recém coletado. Essa sequência engloba:

1- Teste da caneca de fundo escuro e teste CMT;

2- Lavagem dos tetos (caso necessário);

3- Pré-dipping;

4- Secagem do teto com o uso de tolha de papel;

5- Colocação das teteiras e processo de ordenha;

6- Pós-dipping;

7- Oferecer alimento aos animais após a ordenha;

8- Coar/filtrar e resfriar o leite o mais rápido possível;

9- Iniciar imediatamente a limpeza e desinfecção da sala de ordenha e de seus equipamentos.

Por fim, o treinamento constante dos colaboradores é outro ponto fundamental para garantir a qualidade do leite.

Os colaboradores devem receber treinamentos constantes sobre todos os procedimentos de higiene, protocolos de boas práticas e orientação sobre medidas profiláticas de controle de contaminações.

Nutrição

A nutrição é imprescindível quando se trata de produção eficiente e econômica. Está diretamente relacionada ao nível de produção de leite, que gera renda ao produtor, mas, consequentemente, representa o maior custo para a atividade leiteira.

Esses animais precisam de uma dieta capaz de suprir suas necessidades de água, concentrados, volumosos, suplementos, vitamínicos e minerais. Com uma nutrição inadequada, o resultado é uma diminuição do desempenho reprodutivo.

Um dos possíveis desequilíbrios causados pela nutrição insuficiente são os números de células somáticas no leite.

Elas nada mais são que estruturas de defesa do organismo que, quando há a presença de patógenos nas glândulas mamárias, migram para o interior das glândulas com o intuito de combatê-los.

Portanto, utiliza-se a mineralização na alimentação das vacas, o que reduz a contagem de células somáticas e contribui para a melhoria da qualidade do leite

Genética

A genética tem um efeito na composição do leite, podendo ser trabalhada com a seleção de rebanhos com maiores ou menores de níveis de sólidos ou volume, através de programas de melhoramento genético.

Melhorar geneticamente o bovino de leite significa, em outras palavras, fazer uma seleção criteriosa, para que a próxima geração seja melhor que a atual.

Isso pode ser feito por meio da inseminação artificial. No entanto, independentemente do método, é fundamental ter clareza sobre quais são os animais com características genéticas superiores, capazes de aumentar a eficiência de todo o rebanho.

Dessa forma, para não ter que arcar com um custo de produção muito elevado para garantir um bom desempenho, muitos produtores optam por animais de produtividade menor, mas com boa capacidade de adaptação. É o caso das raças zebuínas, que não foram selecionadas para a produção de leite, mas respondem bem ao clima brasileiro.

É por isso que, hoje, o melhoramento genético, especialmente nessas raças de bovino de leite, é um atrativo importante. Porque ajuda a aumentar a produção de leite por lactação e a alcançar resultados significativamente mais promissores na atividade.

Diversos são os fatores que influenciam na qualidade do leite, podendo esses serem ainda mais explorados a fundo com seus desafios diários e recorrentes nas propriedades leiteiras. A capacitação das equipes, tecnificação das propriedades e avaliações de consultores técnicos de campo capacitados, são alternativas para auxílio nas tomadas de decisões, pensando em avaliar os impactos e desafios para melhorar a qualidade do leite, com objetivo de gerar lucro e economia para o produtor de leite.

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